terça-feira, 30 de março de 2010

IX - Pós modernidade - Nietzsche

Pós modernas são as idéias que a partir do século XIX passaram a criticar o humanismo moderno. Ela será crítica do humanismo e do racionalismo. Nietzsche é seu principal expoente. Heidegger chamou isso de desconstrução.

Nietzsche entende que as ideologias humanistas e mesmo a noção de humanidade dos modernos são ídolos, elevados a uma superioridade artificial, como as crenças religiosas, e nesse ponto não se diferenciam muito. Assim, as mesmas críticas feitas pelos modernos ao cosmos e às religiões também se aplicam a eles próprios. Para os pós modernos a democracia é uma nova ilusão religiosa, entre outras, porque utópica, como de resto são os ideais humanistas. Nietzsche acreditava que a democracia reduzia à mediocridade a humanidade. Para ele, todos os ideais, de direita ou de esquerda, progressistas ou conservadores, religiosos ou não, possuem a mesma estrutura, uma estrutura teológica, já que se trata de inventar algo melhor que a realidade, providos de valores pretensamente superiores e exteriores à vida, portanto, transcendentes.

Nietzsche acreditava que tais invenções eram sempre motivadas por más intenções. Seu objetivo é negar a vida real, tal como é em nome de falsas realidades. É uma negação do real que ele chama de "niilismo". Para Nietzsche não há transcendência e tudo é imanente à vida. Todos os ídolos e crenças só servem para nos afastar da vida. É uma crítica dura aos modernos, muito arraigados às utopias.

O espírito crítico inventado pelos modernos acabou se voltando contra eles. Os pós modernos, filósofos da suspeita, não gostam do consenso, desconfiam das fórmulas prontas, buscam sempre os preconceitos e intenções dissimuladas atrás das primeiras evidências. Nietzsche zombou de toda e qualquer espiritualidade e decretou a morte de Deus. O fundamento de sua filosofia é que não há nada exterior ou superior à vida, nada que escape da mais íntima essência do ser. Materialista, rejeita todos os ideais.

Também sobre a essência íntima do ser, Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa, vai no mesmo sentido, apontando que a essência de cada ser se limita a sua existência material e ao que ele é por percepção dos sentidos, recusando a espiritualidade ou a transcendência além de tal conceito.

Desse modo, ninguém pode emitir um juízo de valor desinteressado porque este não pode se abstrair da vida para fazê-lo. Todos os nossos enunciados e sentenças são expressões de nossos estados vitais. Toda idéia não é senão um reflexo do fato de estarmos vivos, daí porque é absurdo entender uma ideologia maior que a vida ou que o homem que a concebeu.

Portanto não existem fatos, mas interpretações, já que o observador não pode escapar ou transcender a vida. Daí a verdade é intangível, inascessível e talvez inexistente.

Nietzsche pensa o mundo quase de modo oposto aos estóicos. O mundo não tem unidade, é uma vastidão de forças infinitas e caóticas. Para ele, mesmo as leis dos modernos que buscam estabelecer alguma ordem ao mundo não são possíveis. Não há ordem e não há consolo, todas as tentativas de explicar o mundo refletem a busca inútil de tornar realidade nossos desejos.

Como se vê, Nietzsche desconstruiu tudo que se tinha feito, contudo, mesmo pra desconstruir teve de partir de algo que foi construído antes. E desconstruindo, acabou construindo outro pensamento. Acredito que ele acertou em algumas coisas, passou perto em outras e errou feio em alguns casos.

Com as idéias pós modernas quero encerrar este pequeno resumo do pensamento e a partir do próximo capítulo expor meu próprio pensamento.

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