quinta-feira, 4 de março de 2010

IV - Por que só nós sabemos que vamos morrer? O que nos difere dos outros animais?

O ser humano parece ter duas características únicas em relação aos outros animais: tem consciência da morte; tem a capacidade de rir. Há quem diga que o riso é a compensação dada ao homem pela ciência da própria morte.

Na verdade essas duas características são fruto de um sistema nervoso complexo, que permite sinapses complicadas, amplitude ao relacionar causas e efeitos, excelente capacidade de memória e de comunicação, enfim, um intelecto poderoso, se assim pudermos resumir.

Mas como o homem desenvolveu tal capacidade intelectual? A melhor explicação dá conta que nossos ancestrais passaram a ingerir em fartura proteína e gordura e tais calorias extras, ao longo de milhões de anos, resultaram num gradativo aumento da massa encefálica e, em conseqüência, das capacidades cerebrais. A melhor teoria sugere que os homens da pré história, usando ferramentas rudimentares como uma pedra ou pedaço de pau, conseguiram triturar os ossos de animais caçados por outros predadores e alimentar-se do tutano, sabidamente rico em proteína e gordura.

Basicamente foi assim, com uma superalimentação, que nosso cérebro cresceu, devagar, como sempre se dá na evolução, e assim ficamos inteligentes. Essa mudança gradativa foi certamente benéfica à espécie.

Você pode perguntar porque outras espécies não fizeram a mesma coisa. Na verdade fizeram. O homem de Neanderthal, por exemplo, era uma espécie diferente da nossa, mas também capaz de raciocínio e fala, fabricar ferramentas e roupas, tinham fé em alguma divindade já que enterravam seus mortos, e dominavam o fogo. Mas foram extintos. Provavelmente por nossos ancestrais que, apesar de mais fracos, eram mais beligerantes e adaptáveis. O homem de Neanderthal é o fóssil vivo, se é que se pode dizer assim, de que a inteligência elaborada e o uso da tecnologia não é exclusividade nossa, ou pelo menos não seria, se nós não os tivéssemos levados à extinção. Aliás, pelas nossas mãos, várias outras espécies tiveram o mesmo fim.

A inteligência, portanto, é fruto da evolução. E tal capacidade é que nos permite tirar conclusões mediante a observação das coisas ao longo do tempo. Até tempos anteriores à nossa existência, já que a linguagem elaborada permite conhecer de fatos que não se viu. É possível estabelecer um padrão das coisas como elas costumam se dar e assim concluir como se darão de fato. E uma dessas conclusões sobre a qual não pairam dúvidas, até porque nunca deixou de acontecer a qualquer ser vivente, é a certeza da morte.

Como conviver com tal certeza? Vencer a morte, eis o maior desejo do ser humano.

3 comentários:

  1. Opa! Nenhum comentário? Então vamos lá... Pesquisando algumas coisas no Google me deparei com o seu blog. Vc parece um homem muito inteligente... Mas talvez não conviva com animais. Eu convivo diariamente com muitos deles e posso lhe garantir, eles sorriem. Dá p/ perceber... Assim como tbm possuem consciência da morte. Ex.: Animais que se escondem para morrer... Mães que abandonam determinados filhotes...
    Isso é comprovado? Não deve ser. E acho que dificilmente será, visto que o ser humano, limitado como é, mal consegue se colocar no lugar de outro semelhante. Imagine, no lugar de um animal "irracional".

    Aliás, quem são os irracionais? Já que os seres humanos são os únicos que maltratam por prazer.

    Não me leve a mal... Mas vc me pareceu bem megalomaníaco.

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  2. Boa tarde,
    parabéns pela iniciativa do blog, mas acredito que o argumento abaixo não é resultado de conclusão científica, pois, se assim fosse, os animais exclusivamente carnívoros consomem quantidades muito maiores de gordura e proteína animal do que os homens e, nem por isto, possuem um cérebro tão desenvolvido quanto.

    "A melhor explicação dá conta que nossos ancestrais passaram a ingerir em fartura proteína e gordura e tais calorias extras, ao longo de milhões de anos, resultaram num gradativo aumento da massa encefálica e, em conseqüência, das capacidades cerebrais."

    Concordo com o comentário acima também, o comportamento das vacas e bois em matadouros é de desespero e medo da morte. O homem está muito preocupado em parecer superior e se esquece de que outros animais sentem sim as coisas e deveriam ser tratados com muito mais respeito.

    Abraço.
    Sthefane.

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  3. Sthefane,

    Obrigado pela atenção de sua leitura e pelo comentário.

    Mas veja, não podemos confundir instinto de sobrevivência com consciência da morte. Uma gazela corre desesperada se um leão investe contra ela por instinto de sobrevivência. Instinto que ela herdou de seus antepassados e que garantiram a sobrevivência de sua espécie.

    Contudo, você, mesmo que esteja confortavelmente deitada em sua poltrona predileta, bem alimentada e ao lado de quem gosta assistindo a seu filme predileto, sabe que vai morrer um dia. Esta consciência da finitude nenhum outro animal tem. E é duro viver com isso.

    Quanto às calorias extras explicarem o crescimento de nossa cérebro isso é um fato. O cérebro humano cresceu ao longo da evolução como provam os fósseis. Se foi por ingestão de carne ou brócolis, isso sim é teoria.

    Só é importante perceber que as mutações são constantes em qualquer espécie, mas apenas aquelas que facilitam sua adaptabilidade ao meio são aproveitadas. Voltemos ao exemplo do leão. Em relação aos outros felinos ele é o mais sociável e sem dúvida dos maiores. Foram essas as mutações que lhe foram mais úteis à adaptação.

    Para nós parece que o crescimento do cérebro e de sua capacidade foi o melhor modo de nos adaptarmos. E de fato é. A inteligência tem se mostrado mais útil pra nós que o tamanho das unhas e dos dentes.

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