terça-feira, 2 de março de 2010

III - O medo da morte

O medo da morte não se apresenta de forma clara. Como tudo que incomoda realmente você, o medo da morte se dissimula, esconde-se em seu inconsciente e te atrapalha a viver.

A morte, para nós, é mais que o fim da vida. É também o fim da vida e principalmente isso. Mas tudo que é irreversível tem para nós o mesmo status de morte.

O medo da morte se revela no apego ao passado, onde moram a nostalgia, a culpa, o remorso, e no apego ao futuro. O apego ao passado e ao futuro nos impede de viver o presente. Mas só o que existe é o presente.

Para a religião é diferente, o que importa é o que virá, a salvação, através da fé. A filosofia duvida disso. A dúvida separa o homem de Deus. Tudo que separa o homem de Deus é “diabólico” (dia-bolos significa em grego aquele que separa).

Com a dúvida desaparece a salvação pela fé e reaparece o medo do irreversível. Para a filosofia, através da razão e da inteligência, pode-se escapar desse medo. Para alguns, as promessas religiosas não são críveis. A existência de Deus parece absurda demais.

As religiões exigem em algum momento o abandono da razão para dar lugar à fé. Filosofar, duvidar, é se negar a abandonar a razão, e preferir lucidez ao conforto.

Filosofia também busca salvação. Sem Deus. Cientes da finitude, a relação com o tempo, como ocupá-lo, como empregá-lo, torna-se importante. Portanto acredito que a filosofia te ensina a viver, como sugere o título do livro de Luc Ferry.

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